sexta-feira, 25 de setembro de 2009

mais de 2 meses...

...sem escrever.

não sei bem porquê...
pk finalmente cheguei(!) a sarajevo,
pk a paula tb se entusiasmou com tudo isto,
pk estivemos por aí a viver os balcãs,
pela preguiça e egoísmo da partilha...

acho que vai ser mais fácil de longe... ou não.
anyway: a contagem decrescente já começou. a 5 de dezembro o fim não começa. o início continua...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

e continuam...

...a enterrar os mortos da guerra depois de 14 anos.
srebrenica é um dos sítios que continuo a digerir, depois de ter passado por lá há cerca de 2 meses.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

paula, uma boneca tuga no kid's festival

a ž levou-me ao kid's festival no último dia. esteve a trabalhar lá num workshop muito giro com crianças. como ela não tinha muito tempo para mim, estive a brincar com alguns deles e a pintar-lhes a cara.
a ž já me tinha falado dos stands da polícia e da eufor, onde no meio de carros militares, helícopteros e todo um arsenal e circo militar, as crianças podiam pegar em armas de fogo... confesso que mesmo estando mais que avisada não imaginava e não estava preparada para tal cenário. não compreendi muito bem, mas a ž lá me explicou que o maior patrocinador do evento é mesmo a eufor e que o estado não dá nem sequer o recinto do estádio olímpico!! ou seja, o único festival do género organizado em todo o país, sobrevive apenas através de patrocínios privados, ONGs e embaixadas de países estrangeiros. shame on you políticos da bósnia e herzegovina!

apesar disto, o festival reúne crianças de todas as etnias e regiões, traz artistas de vários países e distribui sorrisos.
infelizmente não tenho nenhuma fotografia do meu workshop, o meu tema era: espelho mágico, espelho meu, quem neste reino é mais boneca do que eu?? hihihi, estou a brincar!! a ž estava toda ocupada a tentar comunicar com a canalhada. eu acho que tive mais sucesso do que ela com as crianças, mas pronto, sou uma boneca, acho que para mim é mais fácil. ainda assim, acho que a ž lá se foi desenrascando apesar de ainda só arranhar o idioma cá da terra e não se saiu nada mal...

ah, esta é uma foto de duas das malucas que trabalharam com a ž, a tentar saltar do espelho! espelho mágico, espelho meu, quem neste reino é mais "ludi" do que eu...

não quero entender...

ne govorim... não sei falar... bósnio, sérvio ou croata. dependendo de onde te encontres neste país, melhor fazer uma pausa reticente e deixar que o interlocutor termine a frase, escolhendo o que melhor lhe aprouver. por aqui é assim, os bósnios "bosniaks" (tb conhecidos por bósnios muçulmanos) falam bósnio, os bósnios sérvios dizem que falam sérvio e os bósnios croatas terminam com "croata", ah... não falas croata... sim, não falo isso que acabas de dizer (diz o meu aceno de cabeça).
se conseguir chegar até ao final de outubro a saber minimamente este idioma juro que vou pôr os 3 no meu currículo!!
entretanto já me ensinaram a dizer: ne govorim naš... não falo a nossa... como não é a minha língua, lá vou dizendo às vezes, ne govorim vaš... não falo a vossa... normalmente riem do trocadilho. eu apenas quero tomar uma posição meio a brincar, meio a testar. mas ele há sítios onde não brinco nem testo... já vou sabendo com que linhas e agulhas se mutilam... sítios como estes, onde posters a desejar um feliz aniversário ao sr. karadzic são afixados. não são testes, não são brincadeiras... pura provocação!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

kid's festival

nestes dias tenho trabalhado como voluntária num dos workshops do kid's festival, o maior evento realizado na bósnia e herzegovina para as crianças de todo o país...

de um lado os workshops de ong's e cooperações das diversas embaixadas, workshops por exemplo como o nosso, co-orgaanizado pela Tanzelarija e Save the Children Norway, em que tentamos passar a mensagem do respeito pela diferença, brincando ao "espelho mágico, espelho meu, que é mais .... do que eu?", no entanto não é "bela" ou "bonita" a palavra e conceito que desejamos transmitir... divididos em grupos, os pequenotes criam um personagem através de pintura facial, construção de chapéus ou penteados e um fato à maneira, e depois... espelho mágico, espelho meu, que é mais "punk", "sensível", "velho", "mágico", "natureza", etc... do que eu?!?

do outro lado, e ainda ninguém percebeu por que razão, um stand da polícia mantém um workshop onde não só são mostradas armas de fogo de vários calibres (algumas são mesmo enoooormes!!!) às crianças, como estas também são encorajadas a pegar nelas e a simular o seu uso!!

há coisas que de facto nem quero entender neste país...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

sexta-feira, 5 de junho de 2009

amélia

o cadeirão vermelho a abanar todinho com os risos dela, depois a primeira fila, e no final até o papel de parede cor-de-vinho com motivos brancos era sacudido por essas risadas... talvez uma das poucas memórias colectivas do Outeiro... isto era nas festas de natal/ano novo alternadamente.

mas esta não é A fotografia que tenho dela... nessa fotografia estou eu e a minha irmã, ainda pequenitas, ainda de pijama, sentadas nos degraus da escada de madeira, ainda sem corrimão, aquelas que hoje ainda dão a subida para a sala, para o público e depois o palco... nessa fotografia estão as migalhas nos nossos pijamas junto com o olhar embevecido dela, ao nosso lado, ao lado das escadas, depois de se ter assegurado que ambas tínhamos lengalengueado certinho a oração do anjo da guarda... anjo da guarda, minha companhia, guardai a minha alma, de noite e de dia.

e foi há 16 anos que esta memória se tornou fotografia na minha cabeça...

terça-feira, 2 de junho de 2009

madalena




texto: Fernando Fonseca
fotos: ž



Estavam sempre ansiosos e húmidos os olhos de minha mãe, nesse dia que, na maior parte das vezes, acontecia na antevéspera do Natal.

Lembro-me que, nessa tarde, a minha mãe acendia cedo a fogueira donde brotava abundante fumarada, que logo envolvia chouriças, moiras, salpicões que pendiam do tecto de colmo e que só se esfumava através da pequena janela enegrecida, que minha mãe ora abria ora fechava em gestos impacientes, enquanto olhava ansiosamente o caminho que, sobranceiro à aldeia da Gralheira se perdia para lá da Lagoa de D. João.

Era por esse caminho que, sabe-se lá a que horas, o meu pai havia de regressar da azenha de azeite, em Barrô, nas margens do Douro, para onde tinha partido, há uns trinta dias ou mais e para onde voltaria novamente, passada a quadra do Natal.

Estivesse o tempo que estivesse, caída a noite, sempre a minha mãe imaginava o meu pai e o almocreve, Sr. Alexandre, perdidos nas quebradas da serra, acossados por lobos esfaimados ou por salteadores impiedosos ou então soterrados na neve, sem ninguém que lhes acudisse, por mais que gritassem por socorro.

Era então que, já com todos os meus irmãos reunidos à volta do lume que crepitava na lareira, a minha mãe nos obrigava a rezar todas as orações, que lhe vinham à memória, para proteger os viajantes, enquanto ia ajeitando a fogueira à volta da panela de ferro de três pernas.

Depois de longas horas de espera e mais longos suspiros, ouvia-se o rodar do fecho de madeira da porta de entrada, seguido de um chapinar pesado de botas pelo corredor escuro. Surgia então, da escuridão, a figura de meu pai, que, envolto em roupas enlameadas, mais parecia o "fantasma" a que os mais velhos recorriam, quando queriam assustar os mais novos.

-Então, meus marotos, como é que se diz? - ralhava minha mãe, enquanto, apressadamente, desfazia um tímido abraço que tinha trocado com o meu pai.

- Bote-nos as "banções", senhor pai! - respondíamos nós em coro.

Ainda o meu pai não tinha respondido "o Senhor vos abençoe", já os mais pequenos disparavam a pergunta que, há muito, guardavam: - Ó pai, trouxe as pinhas?

Respondia sempre que se tinha esquecido; mas, passado algum tempo lá nos entregava um saco de sarapilheira, todo cheio de buracos, por onde elas espreitavam brilhantes de magia e resina!

Depois de meu pai proceder a uma breve operação de limpeza e higiene pessoal, era servida a ceia melhorada, donde se destacavam as moiras, morcelas, ossos e costelas, que o meu pai partia, por entre queixas e lamúrias contra a fraca luz da candeia a petróleo, habituado que vinha à luz eléctrica na azenha onde trabalhara.

Acabada a ceia e enquanto se rezava o terço e a minha mãe lavava a loiça, colocávamos as pinhas ao lume para abrirem e, posteriormente, serem extraídos os pinhões. Inevitavelmente, surgiam conversas e discussões entre os mais novos, o que levava a tia Maria, cuja aspereza tinha o tamanho do seu afecto pelos sobrinhos, a vociferar: - Estes montes de merda não têm devoção nenhuma! - implicando, de seguida, com o meu pai, pelo facto de ter adormecido, mal começara a reza do terço.

- Estava, com os olhos fechados, a meditar nos mistérios do rosário! - justificava-se ele, acrescentando, mal humorado: - Além disso, não tens nada que estar a dar leis na casa dos outros!

Acabado o terço, apaziguados os ânimos e terminada a extracção dos pinhões, eram os mesmos rigorosamente distribuídos em partes iguais e metidos em saquinhas de amostras que as minhas irmãs mais velhas tinham confeccionado. Começava-se então a jogar ao "par e pernão" e também ao rapa, que eu tinha, toscamente, preparado de um pau de piorna verde.

Horas mais tarde, quando a noite já ia no dia seguinte e meu pai nos obrigava a ir para a cama, ainda estavam húmidos os meigos olhos de minha mãe.


domingo, 17 de maio de 2009

por aqui tb há muitas destas...

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....

(Milton Nascimento)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

o que me contam por aqui...

a semana passada, enquanto a ginga do eléctrico embalava os 20 minutos que faço sempre que vou dar umas braçadas à piscina -à que chamam olímpica- pressenti uns soluços que a mulher sentada no banco ao lado não conseguia esconder (por muito que tentasse).
o que no início pareciam ser soluços coniventes com o movimento sempre solavancado, indeciso e cansado destes eléctricos tão viajados, doados não se sabe por que país depois da guerra, revelou-se uma tentativa de barrar um pranto que espero ter achado forma de se libertar mais tarde. o elemento denunciador foi o movimento inequívoco da mão direita, que pressionava de vez em quando as pálpebras, como se de um botão de snoozer lacrimal se tratasse.

não sei qual a razão do pranto desta mulher, que quanto mais silenciado, mais avassalador me parecia.

quis fazer um daqueles gestos nobres hollywoodescos, que resultam sempre nos filmes - pôr-lhe uma mão no ombro ou levemente no braço acompanhado pelo olhar, talvez até o sorriso do "vai-ficar-tudo-bem". imaginei que afinal já não iria sair na estação da piscina, mas que iria sair com ela, que reconfortá-la num ambiente mais arejado seria melhor. ao invés, apercebi-me minutos mais tarde, que eu mesma (entre pensamentos de não sejas ridícula, vais fazer pior, vá lá, faz qualquer coisa que se calhar o necessário aqui é a simplicidade de um gesto, não é da tua conta, nem penses!), também eu tentava desesperadamente não discordar com o dia solarengo e primaveril, também eu queria chorar, muito... e contava já desesperada as estações em falta para sair daquele sufoco.

saí e soube pela primeira vez que, não, não era a primeira vez que começava a chorar por esta razão: sarajevo tem um lado pesado, um lado que não quero contar, não por não querer admitir a sua existência, mas somente porque é pesado, seja pela herança da guerra, pela nostalgia, pela quantidade de gente que se passeia pelas ruas com armaduras de felicidade, ou até talvez porque tem daquelas coisas de sociedade patriarcal, conservadora e homofóbica à qual já não estou habituada, que tem resquícios do portugal que deixei há 6 anos atrás, quando fui enfeitiçada pelos pozinhos de berlim pim pim.

não sei qual a razão do pranto daquela mulher, mas para mim encerrava tudo isto.

se calhar até é melhor. se calhar até é melhor contar...
parece que chegou finalmente o momento paula, chegou a hora de começarmos a contar o que nos contam por aqui...

teatarfest 2009


começa hoje o festival que se repete já há uma dúzia de anitos e a ž já me prometeu que me ia levar todos os dias!!!

são nove dias de espectáculos de grupos de vários países, num dos sítios mais carismáticos de sarajevo, cinemas sloga.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

knowing i'm on the street where u live...

soube há dias de uma curiosidade interessante acerca do nome da minha rua...

curak lê-se qualquer coisa como "tsurak". se se trocar a primeira letra com a última, "kurac", que soa a "kurats", está-se a invocar o nome do membro masculino em vão... ou não.

já estou mesmo a ver que entretanto nestes 3 meses devo ter mandado várias vezes taxistas e gentes de várias repartições não "pró-caralho-mais-velho!", mas "pró-primeiro-caralho!!".

terça-feira, 14 de abril de 2009

sopa de consoantes

é o que este idioma é... uma grandessíssima sopa de consoantes!
como o A bem o descreveu, é mesmo um idioma agri-doce.
estes são alguns exemplos de salgalhadas de consoantes que eu e a Ž às vezes vemos por aí...

brz
brže
vrst
smrt
srce
prst
trg
tvrd
crn
crven

cantos

há dias, antes desta primavera instável, a janela da cozinha abriu-se abruptamente com uma das muitas murraças que o vento andava a distribuir por sarajevo. o uivar que se sentia nas janelas foi substituído pelo canto do muezzin. desta vez pareceu-me que não chamava ninguém para as preces e rezas, mas que tentava acalmar o vendaval.
fiquei ali de pé na cozinha... a ouvir o muezzin, o vento e a comer o meu arroz de miúdos.

domingo, 5 de abril de 2009

pela janela do quarto...


...há cerca de um mesito, quando a A. e a P. vieram cá a sarajevo dar um ar de suas graças. estas duas niñas viviam com a Ž em berlim.
a autora, sra. dona A., tem todos os direitos desta foto.

terça-feira, 31 de março de 2009

3.5 na escala do tio richter...

...parece ter sido a medição do terramoto que acelerou os nossos batimentos cardíacos ontem à noite. não tinha sido o primeiro, mas este assustou mais que outro. isto alguns minutos depois da ž ter ficado amuada, chateada e a trepar paredes por ter perdido miraculosamente um artigo que tinha acabado de escrever. em tom de protesto contra o msoffice está agora a fazer o download do openoffice.

segunda-feira, 30 de março de 2009

help SO36!!!!


SO36 Bleibt


o SO36 não pode desaparecer!!! tenho que o mostrar à boneca paula quando voltar a berlim! e temos muitos encontros e danças pela nossa frente nesse sítio tão fantástico...

sexta-feira, 27 de março de 2009

zelen



como o frio está a gostar tanto de sarajevo como nós as duas, decidi comprar muitas lãs verdes e estou a fazer um cachecol para a ž. acho que também vou fazer um para mim.
entretanto descobrimos que temos uma máquina de costura cá em casa. é da j. eu não sei coser, mas a ž disse-me que em berlim tinha uma, embora não tenha feito muitas coisas com ela. bem que me podia fazer outro vestidito ou umas calças... não que não goste do que a tia paula me fez, mas seria bom variar um bocadinho.

por falar nisso, ó tia paula, quando é que nos presenteias com o teu blog/lojinha?






ora aqui está um belo fim de dia!

fomos espreitar o narodno pozorište sarajevo (teatro nacional) para ouvir a sarajevska filharmonija.

(abre parênteses
vi pela primeira vez, num concerto de música clássica, um soldado vestido dele mesmo, penso que seria um membro da eufor francesa. pelo menos a bandeira cosida numa das mangas identificava-o como croissant e como já é habitual ver membros da eufor a passear de um lado pró outro, presumi que fosse um deles. no meio daquela gente toda aqueles borrões de verde e castanho da farda chamavam a atenção.
lembrei-me então da cabo ortiz torres que conheci no aeroporto de viena, enquanto esperava pelo embarque no avião à là indiana jones que desempenhou a belíssima tarefa de aterrar em butmir (nos meses de inverno é uma constante que os voos tenham que voltar para trás por causa do nevoeiro cerrado). como me pediu num inglês, que num ápice revelou a sua "espanholidade", para botar um olho ao saco verde-tropa que trazia enquanto ia ao wc, pude ver o nome dela e, quando ela regressou, curiosa... uma conversa entabulei (como se diz numa canção que eu cá sei!). estava num estado de excitação e cansaço tal, precisava de tagarelar um bocadito com alguém... expliquei porque é que o meu sotaque se aproxima ao madrileño, ela disse-me que venia de un pueblo cerquita de madrid e passados cinco minutos entramos num desses silêncios no-sé-de-qué-hablar.
entretanto um funcionário da austrian airlines tentava explicar aos 14 passageiros do voo 759 com destino a sarajevo, que tínhamos duas opções: entrar no avião, que iria tentar aterrar apesar da coisa estar cor-de-nevoeiro-mais-que-cerrado, ou simplesmente não nos darmos a tal maçada e ficar a dormitar confortavelmente num hotel pago por eles e voar no dia seguinte (sem garantias de que o dia seguinte permitisse uma melhor visibilidade).
a cabo ruiz no se enteró de un carajo, pelo que começamos a falar de novo, para eu poder estrear as minhas novas funções de tradutora oficial da eufor. bueno, menos mal que estás aquí, si no, no sé como lo haría!!
fecha parênteses)

depois do concerto: casa cor-de-rosa com a transmissão do campeonato do mundo de patinagem artística (a paula adora isto) intercalado com corta cebolas, batatas e couves... e sai um belo dum caldo verde sarajevense, que apesar de não ter sido feito com o chouriço e a couve que lhe pertence, ficou muuuuito bom (é por estas e por outras que gosto cada vez mais desta terra). a paula também achou que o caldo verde foi uma óptima ideia pós-filarmónica. aliás, repetiu e até lambeu as costuras dos beiços!!

terça-feira, 24 de março de 2009

polako, polako...

...que é como quem diz, devagar, devagar.... despacito, depacico... langsam, langsam.
a modo de: vê lá se tens calma... devagar se vai ao longe... é preciso ter calma... vê lá se achantras, etc

a propósito de devagar, ando a ler um "fecha a porta devagar", livro recomendado pela ž (que ainda não o leu!!). estou a gostar e às vezes sinto-me como a G....

superstição amarela

eu e a ž continuamos a pescar adeptos para o movimento "há imensos carros amarelos em sarajevo"...
ninguém parece reparar neles... sempre que comentamos com alguém a existência fora do normal de tanto carro cor de pintainho, se estamos na rua, invariavelmente as pessoas esquadrinham a área e claro, nesse momento só se vêem cores "normais". estando ou não na rua, invariavelmente, segue-se um esticão do sobrolho em tom de não-deves-ser-muito-normal!
invariavelmente... nos próximos encontros surge um comentário tipo "depois que me falaste dos carros amarelos, não paro de os ver!!"

há dias a ž teve uma ideia: criar uma superstição sarajevense em torno dos carros amarelos. tão simples como
no dia* em que não virmos um carro amarelo, algo vai acontecer!!!

excluímos desde já desta superstição o resto da humanidade, para que não pensem que andamos por aí a semear fados, maldições e a condicionar o futuro dos mesmos.

por agora, uma coisa é certa: invariavelmente um sorrisão aumenta as nossas bochechitas sempre que passa diante do nosso nariz um dos tais amarelitos.

*vamos ser razoáveis: se algum dia não pusermos o pé na rua, a superstição é totalmente inválida. esta e outras excepções que poderão surgir adiante ficarão sujeitas ao regulameto interno dos nossos cérebros.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Žut

Serei só eu e a Ž a reparar no montão de carros amarelos que povoam as ruas de Sarajevo... ou será apenas que concordamos as duas que o mundo deveria ter mais carros amarelos e, por isso, estamos mais sensíveis à sua presença?...

domingo, 1 de março de 2009

natural, sem gás...

acabadinha de chegar a casa do concerto dos SINGAS (ouvir aqui, que vale a pena)

Why Singas?
“This nice word sin gas I heard in Spain, when I asked for water for my coffee, and the waiter asked: Aqua mineral con gas o sin gas?” Sin gas means unfizzy, and this symbolizes our conception of music.”
You can hear effects and elements of break’n bossa, acid jazz, swing, trip-hop and folk from us, packed into an unfizzy conception. We are impressed by jazz, electronic, contemporary and world music, literature, and movie-art. Our aim is to mix the traditions, experiment with music, and make connections with the contemporary arts. We usually use projections, films in our concerts. It often happens that music and the vision are equal, so they can create a new meaning.”

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

ainda o sarajevska zima...

sentado na primeira fila, no meio de tantas outras cabeças... lá está outra vez aquela careca sorridente.

não importa qual seja o evento, ele lá está, ibrahim spahić, o director do festival. o verbo estar na frase anterior parece-me a palavra mais importante, fulcral, pela forma como o sr ibrahim está... os olhos brilham, a careca move-se de um lado para o outro, seguida pelo corpo, apresenta músicos, curadores, artistas aos visitantes do festival, de onde somos?, temos bilhetes para o espectáculo de tango de hoje à noite?, aqui estão cinco... começa a falar em italiano, sono il direttore del festival... olhos embevecidos!, ahhh, ok, congratulations for the festival (estávamos fartinhas de saber quem ele era), boa noite, que tal meninas?, que bom que vieram!! come, come here, diz ele para o ... no final do seu concerto, meet the ladies, meet everyone, itália, portugal, iran, argentina... a dança de ibrahim continua, uma criança em extase como se a 25ª edição do festival fosse a primeira, como se acabasse de descobrir uma qualquer fórmula mágica.


o festival, assim como os jogos olímpicos de inverno, comemoram este ano o jubileu dos 25. ibrahim nunca deixou de organizar o festival, mesmo durante os anos em que sarajevo estava a ser bombardeada.


acho que nunca vi tanta sinceridade, entusiasmo, simplicidade e bondade nos olhos de um destes seres, organizadores e promotores de eventos culturais, como nos olhos do sr ibrahim.

curak 1

E aqui está, a casa nova!
Sim senhor, é cor-de-rosa e é uma casa "casa"! Com jardim, cadela, sem vizinhos em cima nem em baixo... e é o número 1!!





Aqui deixo algumas fotos que a Ž nos tirou. Ainda não tenho nenhuma foto com a Maya, a cadela, porque tenho um bocadito de medo dela. Acho que ela não tem bem a noção, mas pode facilmente fazer de mim boneca-sapato. A Ž também acha melhor que eu não ande a brincar muito com ela.





terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

beijinhos de neve

A Ž acabou por me levar a passear por Sarajevo no Sábado passado. Já não era sem tempo!! Estava tudo branquinho, coberto de neve. Foi a primeira vez que vi neve com os meus olhos verdes de trapo! Mas melhor do que isso foi sentir a forma como a neve nos dá beijinhos e faz coceguinhas na cara...

A Ž contou-me que só se apercebeu dos cristais perfeitos de neve há 6 anos! Pensava que quelas flores de neve que por altura do Natal fazem parte da decoração seriam uma concepção estilizada dos flocos de neve. Eu também nunca tinha observado de perto e fiquei extasiada com a perfeição. Tentei retribuir os beijinhos que a neve me dava, mas foi difícil, os beijos da neve são efémeros...



Andámos por aí e depois fomos a alguns eventos do Sarajevska Zima, os posters estão aqui nesta foto atrás de mim:


Estivemos na abertura de uma exposição...


... e fomos a um concerto de tango argentino.

Não esteve mal... para começar. Entretanto mudámos de casa há 2 dias, ainda não temos internet no nosso pc e por isso não houve tempo para ir contando mais coisas. Mas gosto muito da casa e irá merecer um post por aqui nos próximos dias...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

olá paula!

ok paula, acho que me convenceste... mais ou menos.

olha, hoje só te posso dizer que és uma boneca com sorte, porque está um frio de rachar, mas, por outro lado, perdeste uma sarajevo de vestido branco, lindíssima! desculpa, mas vais ter que te contentar com a vista da janela da sala.

logo à noite vou a um concerto do Festival de Inverno de Sarajevo, o Sarajevska Zima... pode ser que te leve (se não te andaste a portar mal por casa, claro!)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

um mês depois...

Bom, acho que vamos começar com apresentações e esse tipo de formalidades...
(só para parecer que herdei alguma costelita -ou melhor, estribito- dos meus familiares oganizados e certinhos)

Paula é o meu nome e cheguei a Sarajevo há precisamente 1 mês, num 10 de Janeiro frio, branco de neve e de névoa, depois de 3 vôos: Porto>Barcelona>Viena>Sarajevo.
Não tinha planeado nada disto, mas há cerca de 2 meses fiz uma amiga, a Marija Žoão, que é a sobrinha da minha homónima, a pessoa que me fez.

A tia Paula (é assim que a Marija Žoão lhe chama) achou que eu ia ser uma boa companhia nos 9 meses que vamos passar em Sarajevo (e estou à espera de uns saltitos a outras partes dos balcãs). Eu anuí, e pronto... cá estou eu a inaugurar este blog (tive mesmo que ser eu!!! É que a MŽ diz que não tem muita paciência para estas coisas dos blogues... eu lá tentei convencê-la, mas aqui entre nós, ela sofre de preguicite aguda crónica).

Espero entretanto convencer a MŽ a participar neste blogue e a levar-me por aí a passear com ela (até agora ainda não saí muito de casa!!).
Ahh... olha, olha, ela está para ali para o canto a ler, mas disse-me que até era capaz de escrever algumas coisitas de vez em quando.

Ok, vamos lá ver como é que isto vai correr...

PS (baixinho para a MŽ não ouvir)- a Marija Žoão na realidade chama-se Maria João, mas ela agora escreve o nome dela com esta mistura de caracteres estranhos... influências do idioma cá da terra!